ØCRE e ØBSIDIANA fazem parte da Trilogia das Cores, ensaio sonoro e visual que parte da reflexão artística sobre a influência de três cores: vermelho (ØCRE - 2020), preto (ØBSIDIANA - 2022) e branco (VARIAÇÕES DO BRANCØ - 2025). Sistema ternário que representa, desde a Antiguidade Clássica, um papel simbólico.

“A relação entre cor e música está presente na forma de escutar o som. Os encadeamentos harmónicos e a forma como cada acorde é formado representa para mim um jogo de tensões que, de forma sinestésica, podem representar diferentes cores.
O projecto ØCRE, ØBSIDIANA e VARIAÇÕES DO BRANCØ é uma trilogia de discos que se fundamenta na reflexão artística sobre a influência destas 3 cores ao longo da História e na forma como me moldaram enquanto ser humano, compositor e pianista.
A cor surge neste trabalho como chave essencial na dramaturgia composicional podendo ter uma dimensão metafórica e simbólica, evocando o próprio nascimento da arte. O sistema ternário das cores — vermelho, preto e branco — representa, desde a Antiguidade Clássica, um papel simbólico, tendo também manifesta importância nas tradições pagãs e cristãs. Facilmente se reconhecem traços de caráter associados às três cores: o branco evoca a sabedoria e a virtude, o vermelho a cólera e o preto o erro e pecado.
Bastante difundida pela teologia cristã, a tensão entre o branco e o preto como representantes exímios do bem e do mal, da luz e das trevas ainda tem eco nos tempos presentes. Enquanto cores opostas apoiaram a divisão do mundo em dois, obrigando cada indivíduo a fazer a sua escolha pessoal e a posicionar-se.

As cores que dão nome aos discos são variações cromáticas do vermelho – ØCRE (2019) -, do preto - ØBSIDIANA (2022) - e do branco - VARIAÇÕES DO BRANCØ (2025)”.

Filipe Raposo